Diário Ramon: Anestesiado.

O primeiro dia começou com uma mensagem no WhatsApp do nosso anfitrião avisando que o quarto que havíamos alugado estava sem telhas. Eles nos avisou que uma chuva forte no dia anterior havia levado o telhado embora.

Isso ou então o ele encontrou alguém que pagasse melhor, afinal de contas eu tive de pedir um desconto generoso pra conseguir me hospedar lá. Mas ao contrário do que possa parecer, a chance de não ter um teto não foi muito desesperadora. Eu sabia que havia pousadas e quartos na cidade. No pior dos casos, se tudo fosse muito caro, dormiríamos uma única noite e depois rua.

Não foi o caso. Chegamos em uma pousada com paredes, teto e chão de madeira. Tudo muito básico, muito simples e ainda chorei R$ 100 de desconto. Fiquei um pouquinho desconfortável, não sei dizer a razão. Deve ser a primeira viagem me afetando.

Fui recebido pela Sueli que foi muito gentil. Uma senhora pra lá dos 50 anos, calma, suave e do nada apareceu o marido dela. Senhor baixo e com uma cara de bravo. Achei que ele vinha só pra nos cobrar o dinheiro. Olhou pra nossa cara e depois foi embora.

Fiquei meio bolado.

Perguntamos a Sr Sueli sobre mercado e se podíamos usar o fogão. Ela disse que sim, mas ficou nos contanto dos restaurantes e padarias que havia por perto. Fiquei com a sensação de que ela não nos queria usando seu fogão.

Eu teria comida na rua, mas acredite se quiser, eu decidi viajar sem fim e tudo que recebo é um salário mínimo (kkkkkkKRYkkkkk). Buscamos macarrão a dar com pau e voltamos pra pousada. Perguntei a Sueli onde ficava o fogão.

Ela me apontou um fogão a lenha no quintal. Quem estava lá? O marido com cara de bravo. Eu dei boa tarde pro homem. Só isso, BOA TARDE. Nem uma palavra a mais e esse homem desabrochou. Abriu o sorriso e de sotaque gostoso me deu as instruções para pilotar a máquina.

Ficamos meia hora conversando, deixando a madeira queimar sem panela em cima. Só pra ficarmos papeando sobre a cidade, sobre como o povo da cidade é pateta (nós somos o povo da “cidade”). Caraca, foi foda. Todo meu desconforto se foi. Prefiro ficar em dez pousadas simples de gente boa nos recebendo, que ficar entre gente ruim.

Mas também, quem não??

No próximo texto talvez eu fale sobre as diferenças entre viajar por conta e viajar com a CVC.

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Post Author: ramonartur

Já subi um vulcão, nadei num lago a esmo, dormi na rua, caminhei pela neve e pelo deserto, nadei no mar, em rio e lagoa. Já publiquei uma poesia e um conto. Todo dia eu acordo preocupado porque sonho dormindo, mas também sonho acordado. Gosto de viajar e de escrever e há uma pequena possibilidade que goste de você. Sou astronauta perdido no espaço.

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