Hoje acordei pensando na impermanência das coisas. Tenho certeza que alguém a qual você se doou e se dedicou já lhe abandonou. E não me restrinjo aos óbvios relacionamentos românticos. Família, amigos, sócios… Contudo a mesma certeza do abandono é que você também já abandonou pessoas que te tinham em maior consideração. Talvez você não tenha percebido, não tenha valorado, mas que aconteceu, aconteceu.
Não quero olhar para esse assunto de forma moralista. Acho que é mais urgente aceitar que todos vão embora em algum momento, que tudo vai mudar, que nada fica. O universo não é conservador em nada. E se aceitarmos que as pessoas importantes vão embora, o quanto vale nos dedicar a elas?
Uma das respostas fáceis e aconchegantes que encontrei é que as experiências boas ficam conosco. Contudo (desgraçadamente) nada é perene. Nem mesmo o passado. Imagine que você é milionário. Encontra alguém que te ama. Que te abraça, que te afaga, que conversa gostoso. Alguém que seja amante e amigue. E essa pessoa morre.
Você ainda terá os abraços e as conversas para relembrar. Cada momento apesar de dolorido é um ponto de amor na tua linha do tempo. Um alento em meio a saudade.
Mas e se em vez dessa pessoa morrer, ela te dar um golpe e ir embora com seu pior inimigo levando tudo que você tem. Me perdoe o roteiro melodramático. Mas pense em como cada momento bom, que no passado é o mesmo, agora deixa de ser um afago, pra se tornar um facada.
Viver é como estar em um carro capotando e pra se proteger você segura em uma alça PQP que não está presa em lugar nenhum. Tudo que temos é o agora e uma promessa de amanhã que jamais se cumpre totalmente.
Me parece que a melhor maneira de viver a vida é sendo otimista, só que otimismo que é algo que não pode ser aprendido. Pode? No meu caso me sinto incapaz.
Respire, se acalme. Nem tudo é desespero. Se tudo o que importa é o agora, e não afirmo que é, mas se ao menos levarmos em conta que o agora importa muito, então, ainda há uma pontinha de esperança.
Quando cozinho uma receita que não aprecio para alguém que amo, isso me faz muito bem. O amor é no fim das contas mais para o amante que para o amado? O amor é egoísta assim? Não tenho respostas. E é muito provável que ela sequer exista. Gosto muito das pessoas seguras, mas não sei como elas podem ter qualquer segurança de qualquer coisa.
A realidade importa muito pouco. O otimista e o realista não vivem a mesma realidade. A realidade existe muito pouco e se nada é certo, talvez não sejam todas as pessoas do mundo a irem embora.
A exceção que confirma a regra? Hhaha.
As vezes me surpreendo com minha esperança e minha estupidez.